“Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além
dele, não tem Deus; quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho.
Se alguém chega a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em
casa nem o saúdem. Pois quem o saúda torna-se participante das suas
obras malignas” 2 João 1:9-11
A Divina Revelação do Inferno – Mary Baxter
Irmãos, estamos cercados de pessoas que
dizem ter recebido “novas revelações” a respeito dos mistérios de Deus
(não que Deus não revele seus segredos a seus filhos, mas tudo deve
passar pelo crivo das sagradas escrituras, nada deve ser acrescentado a
elas e nada deve ser retirado). Há de se destacar aqui e se possível EM NEGRITO E CAIXA ALTA para
que tomem cuidado com certos livros que são lançados por autores que
dizem haver recebido “revelações” de Deus e que introduzem secretamente
heresias destruidoras (2 Pedro 2:1).
Leia esse texto abaixo sobre um best
seller americano chamado ‘A Divina Revelação do Inferno’. Assim como
este livro há centenas de livros carregados de ficção e experiências
esotéricas travestidos de revelações divinas:
Mary K. Baxter e sua “divina” Revelação do Inferno
Uma caudalosa enxurrada de testemunhos de
pessoas que supostamente estiveram no céu ou no inferno tem proliferado
no meio evangélico. São relatos surpreendentes, porém extremamente
sensacionalistas e repletos de aberrações teológicas. Revelam ser, na
verdade, produto de uma mente brilhante, excelentes gêneros da ficção,
capaz de produzir filmes como Guerra nas Estrelas, E.T. e tantos outros, arrancando até mesmo aplausos do gênio da ficção científica hollywoodiana, Steven Spielberg.
‘A Divina Revelação do Inferno’ foi publicada originalmente em inglês com o título: A Divine Revelation of Hell, em
1993, nos Estados Unidos e tem sido desde então um best seller de
vendagem por lá. A autora, Mary K. Baxter, é ministra da Igreja Nacional
de Deus, em Washington, EUA. Nasceu em Chattanooga, Tennessee, EUA.
Segundo relata, começou a ter “visões” de Deus na década de 60, em
Michigan, mas foi em 1976, que Jesus teria aparecido para ela, na forma
humana, em sonhos, visões e revelações, durante quarenta noites e
mandou-a transmitir as profundezas, degradações e tormentos das almas
perdidas no inferno (pp. 183, 184).
Recomendações
Entre as pessoas citadas, que indicam o
referido livro, encontra-se a Sra. Marilyn Hickey, que num de seus
livros ensina ter Noé, sob o efeito da embriaguez, praticado atos
homossexuais com seu neto Canaã, além de dizer que o homem possui a
natureza de Deus, tornando-se participante de “todos os seus atributos”.
Percebe-se, pois, que a insensatez acompanha não apenas a obra
indicada, mas também quem a indicou.
Outro nome de peso é David (Paul) Yonggi Cho, que declarou: “Eu
li este livro, tremendo no meu coração. Eu realmente creio que Rev.
Baxter teve um verdadeiro encontro com a realidade do inferno na sua
experiência da revelação de Jesus Cristo nosso Senhor” (quarta
capa). Apesar de ser notável no meio evangélico, o Sr. Cho pode cometer
erros (ele não é infalível!); aliás, não seria a primeira vez que ele
ensina algo inconsistente (teologicamente falando). Em uma de suas
obras, Cho diz que pediu a Deus três coisas: uma escrivaninha, uma
cadeira e uma bicicleta; contudo, Deus disse que não poderia atendê-lo
pela seguinte razão: Cho não especificou o que queria. Deus lhe teria
dito: “Será que você não sabe que há dezenas de tipos de escrivaninhas,
cadeiras e bicicletas? Mas você simplesmente pediu-me uma escrivaninha,
uma cadeira e uma bicicleta. Não pediu uma escrivaninha específica, nem
uma cadeira nem uma bicicleta específicas”. Sem perceber, creio eu, o
Sr. Cho atentou contra a onisciência de Deus que, segundo o próprio
Jesus, sabe de tudo que necessitamos, antes mesmo de pedirmos (Mateus
6:25-32).
Assim, devemos analisar as declarações da
Sra. Baxter à luz da Bíblia, e não nos fiarmos em declarações de
pessoas que, assim como nós, estão propensas a análises errôneas, não
importa quão afamada seja tal pessoa no círculo evangélico (Atos
17:10-11).
Contradições
O caráter contraditório de algumas
declarações desqualifica a “revelação” da Sra. Baxter. Por exemplo, na
p. 16 encontramos a suposta declaração de Jesus para ela: “Minha filha, levarei você até o inferno (…) Quero que escreva um livro e conte todas as coisas que vou revelar a você” (grifo acrescentado). Desobedecendo à ordem de Jesus, porém, ela comenta na p. 20: “Algumas coisas, por serem horríveis demais, não consegui passar para o papel” (grifo
acrescentado). Ora, por mais que a mensagem a ser transmitida fosse
dura, os profetas de Deus declaravam o que Ele ordenava,
independentemente do que sentiam a esse respeito; tal foi o caso de
Jonas, Jeremias, Oséias e outros. A Sra. Baxter revela não possuir
características próprias de um profeta de Deus. Para terminar o festival
de contradições, diz: “Como obreira de Deus, submeti-me ao comando de
Nosso Senhor Jesus Cristo e registrei fervorosamente as coisas que me
foram mostradas e reveladas por Ele” (p. 181) — grifo acrescentado.
O Inferno
A Sra. Baxter relata sua “visita” ao
inferno nos seguintes termos: “Jesus veio a mim em 1976 (…). Jesus
levou-me ao inferno por um período de 40 dias (…) No mesmo momento,
minha alma foi retirada do meu corpo. Saí com Jesus do meu quarto em
direção ao céu (…) Meu corpo permanecia na cama, enquanto o meu espírito
ia com Jesus através do telhado da casa (…) Depois, começamos a subir
cada vez mais, e eu já podia ver a Terra embaixo. Saindo dela, de vários
pontos, havia tubos girando em direção a um ponto central, indo e
vindo. Eles se moviam como gigantes, continuamente e envolviam a Terra
toda. (…) “São os portões do inferno” (pp. 11, 16-18).
A imaginação da Sra. Baxter é
fertilíssima. Ela retrata o inferno como se fora um corpo humano. O
livro tem alguns capítulos interessantes, como, por exemplo: A perna
esquerda do inferno (02); a perna direita do inferno (03); o ventre do
inferno (07); o coração do inferno (10), o braço direito do inferno
(13); o braço esquerdo do inferno (14); as mandíbulas do inferno (19)
etc. Relata a Sra. Baxter (aparentemente citando as palavras de Jesus):
“O inferno tem a forma de um corpo (semelhante à forma humana) deitado
no centro da Terra. Ele tem a forma de um corpo humano – grande e com
muitos compartimentos cheios de tormentos (…). O corpo está deitado de
costas, com os braços e as pernas estendidas para fora” (pp. 31, 32,52,53). Nada há nas Escrituras (nem mesmo na literatura apócrifa) que apoie essa versão da Sra. Baxter.
Curiosidades Infernais
O inferno da Sra. Baxter é sui generis. Nada
há igual. Numa realidade totalmente espiritual, a Sra. Baxter usa e
abusa de seu profuso talento artístico. Veja o que ela “viu” no inferno:
- Ratos e serpentes (p. 53). Como foram parar ali?
- Uma alma — com coração e sangue — dentro de um caixão (p. 57). De que era feito esse caixão só a Sra. Baxter sabe.
- Uma mulher presa numa cela, cujas paredes eram de “barro” e a porta
de “um metal escuro com barras e uma fechadura”, e sentada numa “cadeira
de balanço, balançando e chorando copiosamente” (p. 70). Pelo que
parece, o inferno anda contratando pedreiro, ferreiro e carpinteiro.
- Há uma cena curiosa: Satanás está despachando com um grupo de
mulheres, instruindo-as para enganar a muitas pessoas. De repente “uma
estante alta foi trazida para perto de Satanás e lá havia muitos papéis.
Ele pegou alguns e começou a ler para as mulheres” (p. 63). De que eram
feitos aqueles papeis que não queimavam nas profundezas ardentes do
inferno da Sra. Baxter?
Aberrações Doutrinárias
Doutrinariamente, Baxter se revela herege
ao ensinar um conceito errôneo sobre a Trindade. Ela afirma ouvir de
Deus, o Pai, o seguinte: “O Pai, o Filho e o Espírito Santo são uma
única pessoa” (p 158) – grifo acrescentado. Essa heresia, que não faz
distinção entre as “pessoas” da Trindade chama-se patripassionismo (ou modalismo, também conhecida como sabelianismo). Para os patripassianos foi
o próprio Pai que assumiu a natureza humana, sofreu, morreu e
ressuscitou. Diziam que a expressão “Filho” refere-se a carne de Jesus
(= natureza humana), e que “Pai” é o elemento divino unido à carne (=
Deus). Hoje, muitas seitas ensinam tal heresia, como por exemplo, Voz da
Verdade, Igreja Pentecostal Unida do Brasil, Tabernáculo da Fé, Igrejas
de Deus do Sétimo Dia etc.
No inferno da Sra. Baxter, Satanás jamais
sofre; ao contrário, ele conta com um “Centro de Divertimento” (p. 80),
onde ele e seus demônios deleitam-se com a desgraça alheia (p. 82). O
apóstolo João, porém, diz que Satanás, ao invés de ter um “centro de
divertimento”, será atormentado pelos séculos dos séculos (Apocalipse
20:10).
Torturada no Inferno
Ao visitar o “coração” do inferno
(capítulo 10), juntamente com Jesus, ele a abandonou, entregando-a aos
demônios. Ela conta que sofreu tormentos, foi aprisionada, ajoelhou-se
diante de Satã. Diz Baxter: “Espíritos em forma de morcegos me mordiam
por toda parte” (p. 90). Ao indagar de Jesus a razão desse incidente, a
resposta foi: “Minha filha, o inferno é real. Mas você jamais poderia
ter certeza até que experimentasse por si mesma. Agora você sabe da
verdade e o que é estar perdido para sempre lá. Você poderá relatar para
os outros a sua experiência, sem sentir nenhuma dúvida” (p. 92). O
“Jesus” que conduziu a Sra. Baxter ao inferno não era o Jesus da Bíblia
(II Coríntios 11: 4). O que a Sra. Baxter conheceu não se deu por
satisfeito e, após essa experiência traumática, enviou-a mais uma vez
para os tormentos infernais, desta vez às mandíbulas do inferno
(capítulo 20). Depois de entrar em colapso, ela declarou que queria
“estar bem longe – longe de Jesus, da minha família e de qualquer
pessoa” (p. 92). Certamente que o Jesus dos Evangelhos não submeteria
nenhum de seus “irmãos” a horrendas atrocidades, como se ele fosse um
carrasco nazista.
Sábios conselhos
Não há muito que aproveitar d’ A Divina Revelação do Inferno. A
Sra. Baxter deveria levar a sério o que seu “Jesus” lhe disse:
“Mantenham-se afastados dos falsos profetas que falam em Meu nome e
espalham doutrinas falsas. Despertem! Despertem! ” (p. 114). Para
concluir, o “Jesus” da Sra. Baxter revelou medíocre conhecimento sobre o
inferno, mas, em contrapartida, estava certo quando disse: “Minha
filha, algumas pessoas ao lerem o livro que você vai escrever, acharão
que tudo isso é uma obra de ficção” (p. 129).
Texto: Pr. Robert Liichow / Tradução: Pr. Natanael Rinaldi