E estes cães são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte.
Isaías 56:11
A nova sede da Igreja da Graça, fundada e liderada pelo missionário
R. R. Soares, deve custar cerca de 100 milhões de reais. Com capacidade
para 10.000 pessoas sentadas, o Templo da Graça estará localizado na
Avenida Cruzeiro do Sul, próxima ao terminal rodoviário Tietê, na Zona
Norte de São Paulo.
O projeto para a construção demorou oito anos
para ser aprovado. Segundo as informações apresentadas à prefeitura de
São Paulo, a área total construída será de 68 mil m². São dois prédios. O
menor terá quatro andares com dois subsolos. O outro, com nove andares e
dois subsolos, abrigará o templo e um edifício-garagem.
O novo
centro religioso servirá como sede das empresas da igreja, como a sua
gravadora. Além disso, terá um anfiteatro, heliporto, salas para
crianças e locais destinados para casamentos e batismos.
A nova megaigreja paulistana está em obras desde o ano passado, mas
ainda não tem prazo de conclusão. A capacidade da nave será a mesma do
Templo de Salomão, inaugurado pela igreja Universal em 2014. Romildo
Ribeiro Soares é cunhado do bispo Edir Macedo e ajudou a fundar a IURD
na década de 1970.
No estado de São Paulo já existem pelo menos
outras cinco megaconstruções, como os santuários católicos Theotokos –
Mãe de Deus, liderado pelo padre Marcelo Rossi e a Basílica de
Aparecida. O maior espaço evangélico é a Cidade Mundial, da Igreja
Mundial do Poder de Deus, em Guarulhos, que comporta 150 mil fiéis.
Depois, vem a sede da Igreja Deus é Amor e o Templo de Salomão, da IURD.
Competição de estruturas
O
professor titular de ciências da religião da PUC-SP Jorge Claudio
Ribeiro afirma que as igrejas constroem megatemplos para ganhar mais
credibilidade. Segundo ele, a inspiração para o gigantismo dos templos
vem da Igreja Católica.
“O catolicismo fez isso durante milênios,
com a basílica de São Pedro, o barroco. Os evangélicos do século 21
estão aprendendo com os católicos porque viram que aquela foi uma
experiência mais bem-sucedida. Outros exemplos disso são a Marcha para
Cristo, imitando as procissões”, explica.
O professor de
pós-graduação em ciências da religião no Mackenzie, Rodrigo Franklin,
enfatiza que essas obras apenas demonstram uma mercantilização da fé.
“Vemos algo bem diferente do antigo cristianismo tradicional, que
pregava como prioridade o sacrifício, o amor ao próximo. Hoje, os fiéis
buscam autoajuda, quer ser rico agora, então ele não quer mais a pequena
comunidade. Se o cara está falando que você vai ficar rico, é
incoerente ele ter uma igrejinha. Se o pastor quer mostrar que o poder
dele é real, ele vai continuar construindo coisas extravagantes”,
assevera.
Para ele, trata-se de uma competição eclesiástica. “Na
Antiguidade, grandes templos eram sinal de poder e autoridade. Hoje, é
uma competição. No contexto de São Paulo, é uma questão de mercado
porque é uma cidade rica e tem de tudo”, finaliza. Com informações de Veja e BBC
Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br/templo-da-graca-100-milhoes/?utm_content=bufferf07e0&utm_medium=social&utm_source=twitter.com&utm_campaign=buffer
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