Estou ganhando mais dinheiro do que nunca, mas tenho medo de perder a salvação. Como evitar que isso aconteça?
Nas
igrejas evangélicas é normal ouvirmos as pessoas repetindo que “é mais
fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico entrar no
Reino dos Céus”. Repetir essa máxima como um amuleto sem refletir no que
Jesus realmente queria dizer com essas palavras é ignorar o sucesso de
pessoas como Abraão, Isaque, Jacó, Davi, Salomão e tantos outros
personagens bíblicos.
Não
devemos nos deixar levar por conclusões simplistas de que todos os ricos
estão condenados à perdição. Tão pouco o oposto, de que todos os pobres
tem garantida a salvação. Nem devemos acreditar que riqueza e pobreza
são sinônimos, respectivamente, de humildade e arrogância.
Jesus
disse que devemos ficar de sobreaviso contra todo o tipo de ganância
(Lucas 12.15). Além disso, lemos em Eclesiastes 5.10 que “quem ama o
dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas jamais ficará
satisfeito com os seus rendimentos”. Isso não significa que ter riquezas
e ganhar dinheiro honestamente é pecado.
Uma
citação de Lucas 16.10 é boa para este tema: “Quem é fiel no mínimo,
também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no
muito”. Sucesso, riqueza e bens financeiros devem potencializar o que
você já é. Se você é honesto, fiel a Deus e segue bons princípios, isso
não deve mudar à medida que estiver crescendo financeiramente, ao menos
que você já tenha tendência para o mal.
Outro erro
comum repetido como amuleto, é o de que “o dinheiro é a raiz de todos
os males”. A Bíblia não diz nada disso. O que a Bíblia diz é que “o amor
ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Timóteo 6.10). Ter avareza e
valorizar as riquezas excessivamente pode ser muito perigoso.
John
Wesley, teólogo britânico, dizia que devemos ganhar o máximo que
pudermos, economizar o máximo que pudermos e doar o máximo que pudermos.
Esse deve ser o sentimento da pessoa cristã que ao se sobressair
alcançou muitas riquezas.
Não leve a
sério sua riqueza e seus bens. “Não aconteça que, depois de […]
aumentarem […] a sua prata e o seu ouro […] o seu coração fique
orgulhoso” (Deuteronômio 8.13,14).
Existe um
trecho na Bíblia que orienta sobre como o cristão com muitas posses deve
proceder: “Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam
arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em
Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação.
Ordene-lhes que pratiquem o bem, sejam ricos em boas obras, generosos e
prontos para repartir. Dessa forma, eles acumularão um tesouro para si
mesmos, um firme fundamento para a era que há de vir, e assim alcançarão
a verdadeira vida” (1 Timóteo 6:17-19).
Ou seja, a
Bíblia está dizendo que você não deve ser arrogante. Não deve pensar
que teve algo a ver com os bens acumulados. E orienta que você faça bom
uso das suas riquezas, saiba administrar sua fortuna de forma que seus
bens não ocupem os lugares mais importantes da sua vida.
Seu
tesouro não deve ser o dinheiro acumulado. O carro do ano na garagem. A
casa da praia. A mansão construída em um condomínio residencial. O
apartamento luxuoso em um bairro nobre da cidade. Pois, onde estiver o
seu tesouro, ali estará também o seu coração (Mateus 6.21).
Faça um
exercício: o que você tem que poderá durar eternamente? Seu carro?
Esqueça! Ele não vai durar mais do que 10 anos. Isso se você não sofrer
nenhum acidente neste período. Sua casa? Provavelmente seus filhos terão
que reformá-la. Mas e quanto a sua família? Quanto à igreja? Quanto aos
seus amigos? Quanto a sua alma? Talvez seja melhor você investir nestes
bens preciosos.
“Pois que
adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que
o homem poderá dar em troca de sua alma?” (Mateus 16.26).
Estou
condenado por ser rico? Bem, quando Jesus disse que é mais fácil um
camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino
dos céus (Mateus 19:24), ele estava desconstruindo uma tradição cultural
judaica.
Os judeus
daquela época acreditavam que somente as pessoas bem sucedidas eram
abençoadas por Deus e por isso somente quem tivesse muitas riquezas –
sinal das bênçãos do Senhor – teriam salvação.
Quando
Jesus afirmou que é mais fácil um camelo passar por um buraco de uma
agulha do que os ricos entrarem no Reino dos Céus os próprios discípulos
ficaram assustados, pois também acreditavam que as riquezas eram sinal
de salvação das bênçãos de Deus sobre a sua vida daquela pessoa, pois
assim aconteceu com Abraão (Gênesis 13.2).
“Os seus
discípulos, ouvindo isto, admiraram-se muito, dizendo: Quem poderá pois
salvar-se?”, eles questionaram. A resposta de Jesus Cristo é a seguinte:
“E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível,
mas a Deus tudo é possível” (Mateus 19:26).
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