Do pastor às crianças; da vovó à irmã bonitona, ninguém se esquiva dessa forma pouco formal de louvor.
Na capela de Whitetail – uma comunidade nudista fundada em 1984, na cidade de Ivor -, roupas são um item opcional.
“Eu não acredito que Deus se importe com a maneira como você se veste
quando você faz suas orações. O negócio é fazer as orações”, diz
Richard Foley, um dos frequentadores.
Mas entre os
que não fazem parte da congregação, a ideia de uma igreja nudista não
agrada muito.
Várias pessoas ouvidas nas ruas de Ivor se surpreenderam e
disseram achar o conceito de uma igreja nudista desrespeitoso.
O pastor Allen Parker discorda: “Jesus estava nu em momentos
fundamentais de sua vida. Quando ele nasceu estava nu, quando foi
crucificado estava nu e quando ressuscitou, ele deixou suas roupas sobre
o túmulo e estava nu. Se Deus nos fez deste jeito, como isso pode ser
errado?”
A comunidade nudista de Whitetail vai de vento em popa apesar dos
tempos de crise. Segundo a administração do resort, mais de dez mil
pessoas visitaram o local no último ano e os lucros subiram 12% no
período.
Os visitantes dizem que ser nudista é algo libertador. Para eles, em
um ambiente como este não há julgamento de classe social e todos ficam
livres para ser quem realmente são.
Além disso, o clima seria de igualdade. Um frequentador exemplificou
isso dizendo que, na comunidade, não é possível dizer quem está
desempregado, quem é alto-executivo e quem é encanador.
“Aqui, todos participam, todos são compreensivos e preocupados com a
comunidade e com a família. Temos uma das congregações mais ativas da
região. Eu considero isso um presente de Deus e um privilégio”, disse o
pastor Parker.
Brasil
A prática que já tem se consolidado em países como os Estados Unidos e
Austrália também chegou ao Brasil. Porém de forma ainda tímida. Do
pastor às crianças; da vovó à irmã bonitona, ninguém se esquiva dessa
forma pouco formal de louvor.
E não são poucos os adeptos desta prática. Eles se chamam “naturistas
cristãos”. Os fiéis da igreja White Tail, em Southampton, ficam nus
durante o culto, e acompanham atentamente o sermão do pastor Allen
Parker.
“Todos os frequentadores de nossa igreja são apenas seres humanos.
Sem riqueza pessoal ou aparência glamorosa, todas as pessoas são
iguais”, justifica o pastor Parker.
No Brasil prática do nudismo tem crescido entre evangélicos, mas não
apenas nos locais destinados aos encontros sociais sem roupa, como
praias, por exemplo, mas também em templos – sim, durante os cultos – e
em reuniões de leitura da Bíblia e oração.
Autodenominados “naturistas cristãos”, os adeptos do nudismo entre os
evangélicos já se espalham pelas terras tupiniquins, e se organizam em
comunidade.
O comerciante Carlos Moreira deixa clara
sua convicção na prática do nudismo como uma coisa natural: “Não me
considero um pecador. Na minha vida, o naturismo antecedeu a religião.
Fico nu há 15 anos, desde que fui à Praia de Trancoso, na Bahia. Já
frequentei Abricó e gosto da Praia Olho de Boi. Há sete anos, eu me
tornei evangélico. Não me considero um pecador por ainda buscar praias
de nudismo. Onde está na palavra de Deus que é proibido ficar nu? Temos o
espírito livre e puro. O que dizer do Carnaval, então? E das revistas
de mulheres ou homens pelados? Nós temos uma filosofia de vida: a do
respeito ao próximo”.
Entre os argumentos favoráveis à prática
do nudismo, está a ideia de que o pecado reside na intenção:
“Detesto
roupas, o que não quer dizer que eu não tenha Deus no coração. Imoral é o
que se faz de
sujo com o corpo”, diz o programador Nelci Rones Pereira
de Sousa, membro de uma Igreja Batista, mas afastado da congregação.
“Não sofri nenhuma crítica. É pura falta de tempo mesmo”, diz, sobre o
fato de não frequentar mais os cultos.
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